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Livro narra a trajetória da mais antiga sobrevivente do Holocausto que superou as mortes da mãe, marido e do filho dando aulas de piano às crianças do campo de concentração
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Alice Herz, hoje com 108 anos, testemunhou duas guerras mundiais, conviveu com personalidades universais como Franz Kafka e Sigmund Freud, acompanhou o julgamento de Adolf Otto Eichmann e conseguiu transformar os horrores do campo de concentração em histórias inspiradoras. |
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Um Século de Sabedoria, livro que chega ao Brasil pela editora Seoman, narra a comovente jornada de Alice Herz-Sommer. Aos 108 anos, Alice é a mais antiga sobrevivente do Holocausto e orgulha-se de ser a mais idosa pianista de concerto do mundo.
Nas páginas escritas pela também pianista Caroline Stoessinger, a veterana dá uma verdadeira lição de determinação e otimismo ao relatar a história notável e inspiradora de uma mulher que atravessou todo o século passado e pouco mais do que a primeira década do atual. Ao longo deste período, testemunhou duas guerras mundiais, além dos assassinatos da mãe, do marido, de alguns de seus amigos pelos nazistas e, mais tarde, a morte de seu filho.
Por outro lado, gaba-se por ter tido a oportunidade de conviver com algumas das figuras históricas mais fascinantes da humanidade, entre elas, Sigmund Freud, Franz Kafka, Gustav Mahler e Rainer Maria Rilke e de acompanhar de perto fatos que marcaram definitivamente a história como o julgamento de Adolf Eichmann, político da Alemanha nazista e tenente-coronel da SS, responsável pelo extermínio de milhões de judeus durante o Holocausto.
Trajetória surpreendente
Com direitos autorais adquiridos por Dinamarca, Itália, França, Alemanha, Espanha, entre outros países, o livro reproduz a tranquilidade da cidade pacata e segura que marcou a infância e a adolescência de Alice. A paixão pelo piano, despertada ainda nessa fase, foi influência natural da mãe e lhe reservava a certeza de uma carreira precoce e bem-sucedida como pianista de concerto. Feliz com o casamento e o nascimento de seu filho, em 1937, viu seus planos mudarem inesperadamente após o anúncio da Segunda Guerra Mundial.
Deportada ao campo de concentração de Theresienstadt de forma repentina, em 1943 vivenciou cenas de verdadeiro horror. Acompanhou as pessoas mais próximas e queridas serem assassinadas uma a uma. Mas não se deixou abater: lançou mão de seu reconhecido talento com a música para levar conforto e inspiração a outras pessoas que, como ela, permaneciam presas no campo de concentração. Lá, deu aulas de piano secretamente para as crianças e fez mais de 100 apresentações.
Considerada a máquina de propaganda de Hitler em ação, Theresienstadt era passagem obrigatória para Auschwitz e outros campos de extermínio nazistas. No interior de seus muros, músicos, escritores e artistas eram figuras fáceis de encontrar, que suportavam fome, frio, doenças, tortura e morte. Ao todo foram aprisionados 156 mil judeus em Theresienstadt. Apenas 17.500 sobreviveram. Entre 1942 e 1945 mais de 15 mil crianças judias foram levadas ao local. Apenas 100 sobreviveram.
Lúcida e ativa, Alice vive em Londres. Ainda pratica Bach, Beethoven, Chopin e Schubert – todos de memória. Suas posses materiais incluem roupas, um aparelho de TV, um videocassete usado, algumas fotografias e seu piano vertical, companheiro de longa data.
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